domingo, 24 de fevereiro de 2008

Palavras


As palavras voam
De nossas bocas
Umas ferem o coração
Outras transmitem emoção

Abusadas,
Belas,
Engraçadas,
Ousadas...
Mas... palavras.

Cada palavra
Tem seu preço
Há palavras de risadas
Há palavras de desprezo.

(Palavras e palavras, em Poesia na Escola, 1995)

O poema acima foi escrito por mim, quando eu tinha doze anos. É meio bobinho (tem que ser levado em consideração o fato de eu ser uma criança praticamente na época rs), com rimas pobrezinhas. Mas é um dos meus favoritos dessa época e tem tudo a ver com o que quero conversar hoje aqui.

A palavra é mesmo fonte de mal-entendidos como nos diz Antoine de Saint-Exupéry... Tanta coisa acontece porque elas muitas vezes ganham significados diferentes da intenção daquele que as diz. Não estou aqui para defender a época do cinema mudo...rs. Mas coisa que eu ainda não consigo entender é esse jogo, essa conexão que não consegue se manter entre o que realmente queremos e o que dizemos.

Se você tem sede, você diz "Tenho sede." e bebe sua água. Pronto. No cotidiano, as pessoas não agem assim quando se trata do abstrato: sentimentos, desejos, opiniões. Sempre dizem uma coisa querendo dizer outra. Tudo bem, eu também faço isso de vez em quando e o mais bacana é a pessoa (que te conhece, é claro) entender o contrato e por fim, o real significado. Entretanto, passar a vida só agindo dessa forma é enlouquecedor. Pelo menos para quem convive com alguém que só diz as coisas assim.

É tanto medo de exposição dos próprios sentimentos que o excesso desse comportamento pode abalar certas relações,
seja de amizade ou de amor.
Se alguém ama o outro, que diga! Se alguém quer ficar com um outro, que diga também! Se não quer ficar longe, peça pra ficar! Mas diga com todas as letras e fonemas que precisar usar e não apenas "queira dizer".

Pode parecer clichê, mas todas as vezes que deixei de dizer algo que queria ter dito claramente e não falei ou "quis dizer" (não propriamente disse) foram momentos em que deixei de alguma forma de estar feliz, de me sentir bem.
Poderiam ter sido momentos importantes na hora de uma decisão , de uma partida, de uma reflexão... e não foram.

Simplemente por medo. Medo de se mostrar sensível, medo do mundo te engolir com todo seu tato, medo de ridicularização, medo de abandono, medo de reprovação ou ainda de ser rejeitado.


A vida é para ser sentida mesmo: seja um grande sentimento de felicidade ou de tristeza... Se você sente quer dizer que você vive. Então, por que medo de sentir - se essa é uma das características de estarmos vivos (se não for a principal...)?

Tente: não modalizar, deixar cair a máscara de "durão", ser mais humano e fiel nas suas palavras. Se não resolver os problemas, com certeza irá melhorar e muito as suas relações.


Comece hoje, pois amanhã já pode ser tarde para ser feliz.

Inté!

3 comentários:

Anônimo disse...

Que beleza de layout!! Uhuuu
Parabéns, seu blog sempre motivador com belos post's...

R Lima disse...

Primeira vez por aqui e decididamente foi um bom "achado".

Ver Clarice e Saint-Exupéry é certeza de que coisa boa vou encontrar.

E ah, as palavras tem uma força descomunal, portanto é que é tão necessária saber bem usá-las.

Bjs,




Texto de hoje: CéRebRo...

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Andréia Silva disse...

Cadê você???