quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

"Tá tudo assim, tão diferente..."


Hoje acordei e meus olhos estavam inchados no espelho. Sou incapaz de conseguir pensar em qualquer ato... não tenho forças para movimentar meu corpo. Não tenho palvras que consigam representar ou se aproximar da descrição dos sentimentos que carrego hoje no peito. Qualquer palavra que tente descrever a dor da perda não é capaz de dizê-la. Embora sempre tenha carregado a razão comigo, meu coração nunca será maduro suficiente para compreendê-la. Nem a grande quantidade de lágrimas são capazes de limpar toda tristeza que me consome neste momento. Nem sol radiante lá fora é capaz de iluminar todo o escuro no qual me encontro no me momento.

Perder em vida, perder.... nunca ter tido... nunca ter sido... Não venha me dizer que se ganha qualquer coisa quando se perde, porque simplesmente não há o que se ganhar. Não há o que dizer, não há como aliviar o peito, não há alívio, não há lado bom da história. Só o que existe é o que sobrou de mim e a tristeza que me carrega, me dá colo, me põe para ninar com seu lamento gritante, triste.

Não há vontades... não há música. Não há a felicidade, que sempre houve, a bailar no meu coração. O encantamento das palavras não se faz mais presente no meu corpo. Ele, o corpo, hoje é apenas uma matéria. Perdeu seu brilho, perdeu seu riso. As lembranças felizes fugiram dele. A nuvem se desmanchou e eu caí. Não sei me levantar. Simplesmente não sei de mais nada.

O escrever não consegue me libertar, como sempre fez. Não me devolveu minhas asas. Não me carregou para longe do mar no qual me afogo. Não funcionou como água para apagar a chama da paixão que ainda me consome. Não me deu novos motivos para sorrir. Não me mostrou que esse era o melhor caminho a ser seguido. Não me confortou, apenas é um ato que transparece meu tormento.

Nada está no seu devido lugar. Estou num entrelugar. Se que é que posso estar em algum lugar. O nada não ocupa lugar. O nada não tem olhos para chorar. O nada não tem coração para sentir. Mas eis que sinto. Sinto tudo, sinto nada, me sinto um nada. Não estou, não sou.... um nada presente no vazio que você deixou.

Sentimento de fraqueza, de incapacidade, de uma voz que grita bem lá no fundo: "Eu já sabia do risco de servir meu coração de bandeja". Não consigo dizer palavras sem a companhia do choro.

Mesmo assim agradeço os momentos felizes que me proporcionou no passado. Mesmo com toda essa desorientação, continuo batendo no peito achando que valeram a pena.

"Quem não compreende um olhar, tampouco compreenderá uma longa explicação." (Mário Quintana)

Nada tenho a oferecer a não ser a minha lágrima e o meu lamúrio.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Tempestade de pensamentos


Prefiro a neblina à luz fluorescente do pensamento!
Quero descobrir a música que há de despertar meu corpo para melodia da vida!

"O corpo é o centro mágico do universo. O corpo é mágico porque é feito de palavras: "...e a Palavra se fez carne..."
O corpo nasce de um casamento entre carne e palavras. Quando carne e palavras fazem amor, nasce o corpo.
Mas não é toda palavra que tem o poder de fazer amor com a matéria. Somente a palavra que é música.
O corpo é uma entidade musical encantada."

(Rubem Alves - Lições de Feitiçaria)

As palavras...irrefurtáveis no alcance do desconhecido almejado!
Quisera dançar nas suas melodias e tomar o espaço vazio, construindo e criando o mundo a partir do nada!

Impossível organizar a tempestade de pensamentos em minha mente - com o corpo embriagado.
São flashes de consciência misturados aos delírios da visão destas letras embaralhadas no meu teclado!

Diante de tal embate, somente tenho algumas considerações a fazer:

*ZzzzzZzzZZZZzzzzzzZZZzzzzZZZz...
*Dividir as próprias palavras entre aqueles que reconhecemos como iguais nesta busca incessante de liberdade não tem preço....

Amanhã, quiçá, eu recobre meus sentidos para me fazer compreender aqui!

Inté!

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Sabor nostálgico


Ontem, quando estava arrumando meu quarto, encontrei dentro de um livro antigo um poema escrito por mim. Recordo da época em que foi escrito. Época de segundo grau, os hormônios fervilhando, o humor que oscilava drasticamente, minha cabeça de adolescente - com meus 17 anos - cheia de sonhos. Sinto saudades, mas aquelas minhas idéias se foram, carregadas pelo tempo. Alguns amigos amigos também ficaram naquele tempo e alguns permanecem como rochas ao meu redor, me lembrando sempre a minha história.

Bons tempos. Bons amigos. Uma pontinha de rebeldia (só pra variar! rs).
Uma grata surpresa encontrar velhas idéias minhas.

Segue abaixo.
Até a próxima!






Vamos parar de sermos bobos

Parar de sermos tolos

E limpar nossos espelhos embaçados,

Embaralhados, trincados

Espelhos que nos refletem

Espelhos que refletem nada

Já que o nada é o que nos contém

E nos convém

A deixar idéias guardadas,

Mofadas, despedaçadas...

As verdades fúteis

São as que movem o mundo

Que, de morais inúteis,

Vai deixando de ser mundo para ser imundo

E nos torna cada vez mais mudos

Nossas palavras são alheias,

Cheias de poeira...



(poema encontrado sem data ou título - escrito por volta de 1998)

sábado, 15 de dezembro de 2007

"Amou como se fosse a última vez"


Já gostou tanto de alguém como você nunca poderia imaginar que fosse capaz de fazê-lo em algum momento de sua vida? Pois é.... Essa pergunta me remete àquela letra do Renato Russo: "Lá vem, lá vem ...lá vem de novo... acho que estou gostando de alguém. E é de ti, que não esquecerei..." ou àquela outra do Lulu Santos: "Eu gosto tanto de você que até prefiro esconder. Deixo assim ficar subentendido..."

Gosto como se nunca tivesse gostado de alguém antes, como se as sensações da paixão e as palpitações do coração nunca tivessem me atingido. É aquele gostar desesperado (no bom sentido, se é que pode haver rs) em que qualquer ação nos causa insegurança, medo e angústia ao mesmo tempo que as horas passam sem que a euforia, o riso frouxo, a carinha de bobo se esmaeça de nós. E, como crianças de 4 ou 5 anos, achamos que qualquer coisa mínima pode chatear ou magoar à quem queremos tão bem - que beiramos ao cuidado demasiado de perguntarmos sempre se está tudo bem ou se fizemos algo de errado. E em nossa cabeça de apaixonados paira a eterna dúvida: devemos dar tanta atenção e beirarmos à chatice? Ou será que seremos acusados de descaso ou indiferença ao deixarmos quem se gosta ter uns momentos de "folga" de nós... (eternos e pegajosos, enquanto apaixonados)?

E basta o menor impedimento para o encontro, por mais circunstancial que seja, para que arranhe a nossa alegria .... e basta cogitar a idéia de rejeição, separação ou abandono para nos desesperarmos como "perus de véspera", como diriam os mais velhos. E sempre há aquele, mais velho, que sempre diz: "é assim mesmo, daqui a pouco isso passa.". Mas acredite: nunca passa! rs.

Quando me encontro neste estado de graça, vejo e sinto quem eu gosto em tudo ao meu redor: no sabor doce do chocolate, na melodia triste ou romântica do rádio, no céu estrelado, na sensação das gotas de chuva no rosto, na risada gostosa de criança, no sonho gostoso de quando se dorme sem sentir, numa poesia com rima, numa paisagem bonita...

Essa parte da postagem não se direciona ao leitor qualquer - rsrsrsrs:

Enfim... nesta sexta-feira chuvosa, em que não poderei contar com o calor de seus braços e nem com a dádiva dos seus beijos...seguirei pela madrugada fazendo algo que gosto muito: ler! Vou devorar minha nova aquisição literária...

PS:
Desculpem-me pela mensagem "batida" e "mela-cueca" de hoje, mas a saudade do meu benzinho me deixou um tanto melancólica e carente. rsrsrsrs

Um beijo graaaaande com sazon!



terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Nada acontece por acaso. Mesmo.



Nada acontece por acaso. É uma frase clichê, mas que cabe perfeitamente em alguma passagem de sua vida – ou já coube ou ainda caberá.

O fato é que até as piores coisas que nos acontecem possuem um bom objetivo, uma finalidade, que não é requerida ou desejada por nós – mas que simplesmente existe, tal como um imposto que todos devemos pagar em vida: cada um de nós possui sua missão – seja ela reconhecida ou não.

Ainda não reconheço a missão primordial pela qual estou aqui neste mundo, mas identifico uma curiosa experiência. É sempre através de mim que as pessoas aprendem a se liberarem. Como se eu fosse o modelo da pessoa que “aperta o botão do foda-se” e se dá bem, mas somente eu não consigo enxergar esse tão bem sucedido que as pessoas tanto falam... E por incrível que pareça dizem que aprendem ser pacientes comigo....mas logo comigo? Nem de longe sou usuária de mantras acalmantes....rs. Nada acontece por acaso, isso sim, é fato.

Da maneira que todos me pintam, a impressão que me passam é de que minha imagem é de alguém que não se estressa nunca (quem me dera), que é sempre alto astral (meu mau humor é tão ácido!)... Muito estranho os rótulos que levamos e a imagem que fazemos de nós mesmos, quando entram em contradição então...

Enfim, umas últimas atitudes que venho observando de alguns indivíduos me levam a escrever este texto de hoje. Por que as pessoas nunca dizem aquilo que realmente desejam dizer? Por que somente quando possuem a sensação de perda é que tentam qualquer altitude idiota como último recurso? Por que existe alguns que vão morrer achando que tem uma razão que nunca foi sua? Por que as pessoas simplesmente não são felizes sem ter que publicar em Outdoors? Por que os homens (especificamente) precisam sempre mostrar sua masculinidade e sua nova Pedrita (tal como o novo carro, novo imóvel)? Por que as pessoas não têm medo de expor suas vidas em meio eletrônico e possuem receio de demonstrar sentimentos?

Há algumas perguntas que me fazem e que eu gostaria de responder com muita sinceridade. Mas receio de que as pessoas que questionam nunca entenderiam minhas respostas....por isso é melhor que recebam apenas nossas respostas automáticas. Aquelas respostas bem sem-vergonhas, que nem precisamos estar presentes para dá-las.

Tenho um mundo de coisas para fazer, ler, estudar, pensar, escrever... mas ultimamente só tenho feito aquilo que realmente tenho vontade de fazer naquele momento. Eu estava com vontade de escrever isso aqui, mesmo sabendo que não há público para estas linhas fantasmagóricas.

Sinto como se eu estivesse mandando meu recado: pegue a inveja que sentes de mim e enfia no #%*@#$%¨&*! Seja feliz de verdade, seja feliz para e por você e não apenas para mostrar-me de que você pode sê-lo – porque isso não fará a menor diferença para mim!

Vá procurar o que fazer!
Beijoooooooo =)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O amor é uma fratura exposta



Independente da classe social, cultural, financeira, do nível de instrução, sexo e preferências sexuais - há uma triste conscidência entre todos nós, homens mortais: ninguém é tão esperto que não seja leigo sobre o amor.

Estamos perdidos no mundo sentimental, uma vez que somos condicionados pela sociedade capitalista a medir, pesar e ver sob o olhar racional e lógico. Necessitamos que cada coisa tenha seu lugar, o seu propósito, sua função. Olhamos enviezados as atitudes oriundas da emoção, achamos graça das declarações de amor - quando na realidade oculta de cada um de nós, invejamos os audaciosos autores dessas ações de cunho amoroso.

O instinto natural do ser (racional ou irracional) é defender-se daquilo que não conhece, não há a busca da compreensão do desconhecido. Portanto, nós, homens comuns, mãos de obra da sociedade capitalista - não conhecemos o inteligível mundo dos sentimentos, dos sentidos e nem nos debruçamos a contemplá-los, nem nos inserimos nele. Como se nos poupássemos da experimentação em detrimento do não sofrimento... sofrimento que conhecemos não pela vivência e, sim, através dos cantos dos poetas. Coisa bem pequena, mesquinha. Bem típica do ser - egoísta - homem.

Enfim, que nos libertemos para os sentidos! Para as experimentações das sensações, dos sentimentos. Não pagaremos nem um centavo a mais em nossos impostos para tal. Não devemos levar tão à sério a equivalência do amor ao fogo, como nos sugere Camões ("O amor é fogo que arde sem se ver"). Deixe-se consumir pelo amor tal como o papel pelo fogo, visto que não vamos exaurir, nem nos acabarmos por viver o amor, mesmo que haja o término do mesmo. O homem é um ser pleno para viver quantos amores e desabores forem cabíveis para realizar-se plenamente.


Até mais!

Only one kiss!

domingo, 2 de dezembro de 2007

Primeiro Devaneio


Para alguns, escrever é algo sacrificante, chato, inútil, doloroso. Entretanto, para outros como eu, é algo essencial como respirar. Gosto de divagar minhas idéias no papel, na tela do computador, nas letras de músicas tal como as meninas que dão vida às bonecas em suas brincadeiras. Pensar, repensar, pensar de outra forma, dizer, "desdizer" e contradizer os pensamentos que vagam nossa mente constantemente.

Além dessa necessidade natural, escrever é meu refúgio nas noites de insônia. Enquanto todos dormem, minha cabeça fica maquinando, deglutinando os acontecimentos do cotidiano, próprios, alheios, reais ou imaginários.

Designar nomes às coisas, às pessoas, requer responsabilidade. Aquele que nomeia ao realizá-lo, dá não só um nome, mas, através desse nome, atribui também uma ideologia. Fiquei alguns minutos parada pensando em um nome. É muito difí­cil, mesmo para quem não tem pretensão de nada, nem de público. Como designar um espaço público em que devo expor pensamentos muito privados, mascarados por um "nick"? Difí­cil questão...

Então vaguei entre Nietzsche, Cazuza, Antoine de Saint-Exupéry, Augusto dos Anjos, Franz Kafka, Mário de Andrade... isso! Por que não recordar das contradições de Paulicéia Desvairada, que constituiu uma notável multiplicação de olhares e de perspectivas a respeito de São Paulo? Embora seja carioquíssima, a maneira que Mário caracteriza a cidade é fascinante e me recorda muito alguns escritos meus. Nenhuma das suas visões é a definitiva, não há uma conclusão, não há a última palavra do poeta, aquela que consagraria ou impugnaria a modernidade paulistana. Tudo é ambivalente e movediço. E é exatamente por causa desta indefinição entre o amor e a repulsa, entre a ironia e a percepção do novo que alguns poemas de Paulicéia desvairada traduzem "paradoxalmente" a essência calidoscópica, complexa e cheia de metamorfoses da mais importante metrópole do paí­s.

Eis que então me surgiu o nome que leva este reles blog: Blogcéia Desavairada. Um brincadeira referente ao estilo dos poemas de Mário de Andrade e ao mesmo tempo, uma tosca - mas sincera- homenagem ao poeta do modernismo de 1922.

Retornando ao iní­cio, caso haja algum leitor que tenha perdido o olhar nestas linhas, não espere grande coisa ou idéias de alguém que quer fazer média, pois se há uma coisa que não vale a pena é isto: "fazer média"! Nem para si, nem para os outros! Como diria aquela música (se não me engano escutei na voz da Paula Toller, do Kid Abelha): "os outros são os outros e só"....rsrsrsrs (marcas de oralidade são impossí­veis de não serem escritas, sorry!).

That´s its!
Kisses, kisses, kisses (3 vezes, como dizemos nós cariocas, para casar um dia, quem sabe!)